quarta-feira, 17 de junho de 2015

Schlimazel: quando o destino brinca com a sorte e o azar.


Confira um pouco como foi a produção deste curta-metragem e o relato sobre a experiência de produzir por cada participante da agência Maktub.


Gravando em pleno feriado.
Maktub significa “estava escrito” ou “era para acontecer”. Partimos do significado dessa palavra para criar o conceito da agência e do curta “Schlimazel”, que conta a história de Pedro, um cara azarado que teve sua vida mudada após ser presenteado com uma viagem para a Irlanda. No curta, exploramos muito a relação entre sorte, azar e destino, deixando em questão para o espectador: o que realmente move a vida de Pedro? O que realmente move nossas vidas? 


O objetivo da equipe era fazer um curta
usando pouca verba. Todas as despesas 
foram divididas e o cenário foi composto
por pertences da equipe.

A proposta da agência foi fazer um curta com o menor orçamento possível, sendo que os atores que contracenaram no curta aceitaram participar voluntariamente. A locação dos cenários foi de um dos integrantes da agência e os custos de alimentação (e outros adicionais) foram divididos por toda a equipe.

As gravações aconteceram no feriado de Corpus Cristhi, dias 4 e 5 de junho, no bairro Santa Quitéria. A casa em que filmamos era repleta de histórias um tanto quanto macabras, o que descontraiu muito a equipe e fez com a produção se tornasse divertida e prazerosa para todos. 




Confira o relato de cada um da agência Maktub sobre a produção do curta-metragem:

Beatriz Lima (Diretora): Para ser sincera, fiquei surpresa com o resultado final do nosso curta. A falta de tempo e, principalmente, de experiência, me fizeram acreditar que não conseguiríamos alcançar nossos objetivos de produção. O mais importante do filme é a mensagem que queremos passar sobre como o destino pode brincar com a vida e o cotidiano das pessoas. Queremos mostrar também que às vezes os problemas aparecem, atrapalham, alteram nossos planos e, muitas vezes, mudam até o nosso jeito de perceber o mundo, mas que isso pode vir para o nosso próprio bem. No curta, Pedro acredita que sua falta de sorte serve apenas para atrapalhar sua rotina, mas, quando menos espera, a sequência quase interminável de azares acaba salvando sua vida. 

Camila Costa (Roteirista): Foi uma experiência incrível fazer um curta. É muita responsabilidade e dedicação a fim de atingir um único objetivo. Fiquei responsável pela elaboração do roteiro, mas acredito que cada integrante da equipe também o fez, colaborando com ideias e dando soluções para os problemas encontrados ao decorrer das gravações. O roteiro é uma das partes essenciais para a produção de um produto cinematográfico, pois é ele que premissa as ideias iniciais e norteia a produção. Contudo se alguém não fizer a história acontecer o roteiro será esquecido e deixado ao pó. Acredito que é isso, uma produção é um conjunto de fatores que fazem o produto acontecer. Cada pessoa da equipe Maktub foi essencial para que esse curta tomasse forma. Cada pessoa da equipe Maktub foi indispensável para agregar ideias e deixar a história rica em conteúdo e detalhes. Um roteiro sem pessoas para fazer a história acontecer só será mais um roteiro. E claro, acredito que esse grupo e essa história eram para acontecer. 


Giulie Carvalho (Diretora de Arte): Satisfação é a palavra para descrever. Na língua portuguesa, isto significa ‘contentamento; prazer resultante da realização daquilo que se espera ou do que se deseja.’. A Agência MAKTUB, nesta terça (16 de junho de 2015) apresentou seu maior produto: o curta-metragem Schlimazel. Este, tendo todo o seu processo de produção de dois meses. Foram ideias que desde a origem se complementaram. Precisávamos de um tema em que o destino fosse o foco, mas tínhamos que criar todo um bom enredo para a narrativa cinematográfica. O roteiro foi modificado uma, duas, três e até o momento da gravação ele sofreu alterações. Consequentemente, entraram em ação as outras vertentes. A diretoria de produção ajustou o cenário, a câmera, a luz, o ator. O marketing precisou analisar qual a melhor forma de exibir a criação. A roteirista teve de rever suas ideias. A fotografia teve de se reposicionar e ter outra visão. A direção geral precisou analisar com calma cada aspecto, tomar as rédeas e gerenciar as diferenças. E eu, diretora de arte, precisei pensar no público. Precisei ter empatia, tomar o lugar. O que os espectadores querem ver? Como transmitir? Como fazer como que eles entendam, com seus olhos, o que a agência enxerga com tanta clareza nos bastidores? E foi isto. Foi buscar o melhor ângulo, o enquadramento modelo, pesquisar a música ideal. Este foi o meu trabalho, se assim dizer, definido. No entanto, cada pedacinho de Schlimazel tem um toque de cada uma das integrantes da agência. Todas nós queríamos um produto incrível, e por isso opinamos, mexemos, construímos o curta de acordo com o consenso, o bom senso. Dentro dos parâmetros e limites estabelecidos, é uma grande obra. Um filme e uma agência de cinema que nos envolveu. Uma ‘gestação acadêmica’, que nasceu, cresceu, deu fruto, e não nos esqueceremos. Se terá vida pós quinto período, não sabemos. Talvez, e só talvez, deixaremos ao destino o poder de cuidar.

Lana Gillies (Produtora): Produzir um curta-metragem não é um processo nada fácil. Agora, produzir um curta com o mínimo de gastos possíveis torna-se um trabalho desafiante. Desafio que recomendo à todos que amam a sétima arte. Para amá-la é preciso compreendê-la. E nada como realizar uma produção cinematográfica para compreender, em passos pequenos, desde os aspectos técnicos até as vertentes que uma narrativa pode seguir. Schlimazel é um mosaico de ideias construído a partir de cinco corações que batiam em sintonia entre si para a construção de uma unidade narrativa. O roteiro, por mais que tenha sido escrito por uma - Camila Costa - só materializou-se com o olhar de cada uma da Agência Maktub. A produção reuniu todas, a medida de que, cada objeto do cenário, cada ângulo da câmera, cada palavra do ator - Muryllo Mendonça - tivesse um pouco de cada uma em sua composição. Aos que desejam produzir um curta-metragem minha dica é: reúna um grupo de pessoas em que você goste e possua sintonia. O resto se resolve em aspectos técnicos e risadas.

Letícia Joly (Marketing): Minha experiência com a produção do curta-metragem foi muito boa, mesmo com pouco tempo conseguimos ter um ótimo resultado. Achei muito interessante o fato do roteiro se transformar durante as filmagens, devido a dificuldades ou melhorias na produção. Tivemos um bom relacionamento de equipe, o que foi fundamental para que nossa produção ocorresse sem problemas. Depois de pronto, pude tirar algumas conclusões do processo de produção de um curta-metragem. O que mais me impressionou foi o trabalho que ele exige, muito maior do que imaginávamos. Desde as dificuldades com o roteiro até o cenário, tudo deve ser feito com cuidado para que fique perfeito. Algo que também me chamou atenção foi o a importância de incorporar trilhas sonoras no curta, o que dá muito mais emoção as cenas. No fim, foi um processo trabalhoso e demorado, mas tivemos um resultado satisfatório.

E assim, a agência Maktub torna o seu maior compromisso possível, repleto de realizações e experiências levadas na bagagem.

SINOPSE: Pedro é um rapaz azarado e sua vida segue como uma combinação de pequenas tragédias. Certo dia Pedro recebe uma ótima notícia, o fato de ter ganhado uma viagem para fora do país, o que poderia mudar sua vida. Porém, nem tudo dá certo. Ou dá. Será que as coisas acontecem por um motivo? Confira nesse divertido curta-metragem como a vida pode ser irônica.













Texto: Beatriz Lima, Camila Costa, Giulie Carvalho, Lana Gillies e Letícia Joly
Edição: Beatriz Lima, Camila Costa e Giulie Carvalho.
Fotos: Beatriz Lima, Camila Costa e Lana Gillies. 

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Prepare a pipoca!

Amanhã é dia de estréia! 
O nosso mais novo curta-metragem - Schlimazel - será apresentado amanhã, dia 16 de junho, às 8h30 na PUCPR. Quem se interessar, será muito bem vindo! 


segunda-feira, 1 de junho de 2015

3 MINUTOS DE CINEMA COM PAULO MUNHOZ

Nessa edição do 3 Minutos de Cinema, a agência Maktub entrevistou o diretor, animador e roteirista Paulo Munhoz.

Paulo nos conta um pouco sobre como produzir uma animação, as dificuldades dessa vertente cinematográfica e como ela está caracterizada no cenário local e nacional. Confira!






sábado, 30 de maio de 2015

HORA DA PIPOCA!

Não é preciso dinheiro para se divertir! Vem cá e confira os três filmes que a Agência Maktub recomenda para você assistir nesse final de semana! 


1-DE VOLTA PARA O FUTURO




Um jovem (Michael J. Fox) aciona acidentalmente uma máquina do tempo construída por um cientista (Christopher Lloyd) em um Delorean, retornando aos anos 50. Lá conhece sua mãe (Lea Thompson), antes ainda do casamento com seu pai, que fica apaixonada por ele. Tal paixão põe em risco sua própria existência, pois alteraria todo o futuro, forçando-o a servir de cupido entre seus pais.
(Fonte: Adoro Cinema)


2- A CASA DO LAGO




Kate Forster (Sandra Bullock) é uma médica solitária, que morava em uma casa à beira de um lago. Hoje esta casa é ocupada por Alex Wyler (Keanu Reeves), um arquiteto frustrado. Kate passa a trocar cartas com Alex, com quem mantém um relacionamento à distância por 2 anos. É quando, ao se descobrirem apaixonados um pelo outro, eles buscam um meio de se encontrar.
(Fonte: Adoro Cinema)



3- TE AMAREI PARA SEMPRE





Henry DeTamble (Eric Bana) conheceu Clare Abshire (Rachel McAdams) quando tinha apenas 6 anos, em um campo perto da casa de seus pais. Logo eles se tornaram grandes amigos, avançando para confidentes e depois amantes. Só que há um problema: o futuro de Clare é o passado de Henry. Ele é um viajante do tempo, devido a uma modificação genética rara que o faz levar a vida sem saber em que época estará. O fato de Henry conhecer o futuro sempre incomodou Clare, mas agora a situação se inverteu. Quando Henry volta no tempo para encontrar Clare aos 6 anos, é ela que, em sua fase adulta, sabe qual será o futuro de seu amado.
(Fonte: Adoro Cinema)



BOM FILME!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Do roteiro ao destino



Pelo menos uma vez você já respondeu ou foi até mesmo quem fez essas perguntas: “Você já assistiu esse filme?”, “você é fã de algum ator/atriz?” “você tem acompanhado os trabalhos daquele diretor de cinema?”. 
A grande sacada do I Ching é quando você começa a usa-lo
você começa a formular melhor suas perguntas sobre você
mesmo. 

As produções cinematográficas tem tomado cada vez mais seu espaço na vida das pessoas. Desde filmes curtos a grandes sucessos de bilheteria, muita gente acompanha roteiristas, atores, diretores e se permitem fazer julgamentos daquilo que assistem. 

Muitos até mesmo se aventuram a produzir. É o caso de Paulo Munhoz, que com formação em engenharia mecânica, passando por computação gráfica e chegando a ser mestre em tecnologia e interação, produziu a animação Brichos, o curta metragem A Grande Depressão, entre outras obras. Este segundo serviu de inspiração para Munhoz superar um antigo problema “Eu tive depressão quando era jovem. Eu já trabalhava e estudava, e estava meio perdido e tive uns momentos bravos em minha vida, e é engraçado porque o filme me curou.”. A sinopse do filme é a de que um jovem cientista é abandonado pela namorada na véspera de um feriado prolongado, e então ele resolve buscar uma solução e orientação no I Ching, mas não leva o sistema de oráculo muito a sério. Devido a isto, no decorrer do filme percebe-se que suas forças vão se esgotando e suas ações tomando outros rumos, levando o personagem a passar por várias situações estranhas. Mas calma. Você sabe o que é I Ching? 

Munhoz nos conta, “O I Ching é um sistema que os sábios chineses desenvolveram com o tempo. Ele é um sistema muito inteligente porque é matemático, é visual, é um oráculo na medida em que ele não responde, mas te faz aprender a perguntar.” Ele ainda confessa ter usado e usar o método até hoje, já que garante funcionar muito bem, “Eu respeito muito o I Ching porque funciona. Ele não tem nada a ver com misticismo ou esoterismo, e é muito diferente dos outros oráculos. O processo é o seguinte, você pega três moedas e estabelece que um lado vale dois e o outro lado vale três, então você faz uma pergunta ao oráculo e joga essa moeda seis vezes. Esses número vão gerar exagramas que são baseados na regra de Yin e Yang e por aí você acaba tendo uma resposta tão generalista que você dentro dela acaba encontrando sua resposta.”. Então, caso utilize o sistema chinês, melhor se lembrar de A Grande Depressão e, só por cautela, respeitar a ordem do processo. 

 PRODUÇÃO 

Assim como a depressão do cineasta Paulo Munhoz, as próprias experiências e vivências, medos e desejos servem como combustível para alimentar a imaginação de inúmeros diretores e produtores. Então você, que quer produzir um curta-metragem mas não sabe por onde começar, aqui está o primeiro passo: tenha uma boa história pra contar. E nenhuma história pode ter mais detalhes que uma propriamente vivenciada. Juliana Sanson, formada em Letras pela PUCPR, atua na área de projetos multimídia e audiovisuais voltados para a educação, além de ser roteirista, diretora e produtora de cinema. Dirigiu e roteirizou Coração Magoado, Delírio Curitibano, entre outras produções. 
Para a elaboração de um roteiro, a principal questão é querer
anunciar alguma coisa, é você querer contar algo
para alguém em imagem e som.  



A cineasta dá quatro dicas para quem quer iniciar carreira cinematográfica e a primeira é ter um bom roteiro com uma história complexa de forma sucinta. “O curta pode ser narrativo, ter início, meio e fim, sendo original e impactante. Original no sentido de buscar novas maneiras de contar uma história ou novos olhares sobre situações banais. Gosto das histórias cíclicas que começam ruins e terminam pior. Gosto de ir do negativo para o negativo elevado à segunda potência, pois me atrai os erros que cometemos mais de uma vez, a força de desejos ou medos que nos fazem piorar ao invés de melhorar uma situação, ou terminar uma história de um jeito muito parecido com seu começo.”. 

Para conseguir transformar em imagens sua ideia, Juliana indica um planejamento impecável, pois uma pré mal feita é garantia de um set confuso e de muitas dores de cabeça. “Não é no set que um filme é feito, é na pré, no planejamento. Então essa etapa tem que ser longa para dar sustentação para o que vai ser feito nas filmagens”. E nada melhor para interpretar uma história do que atores que possuam qualidade na interpretação. “Uma atuação ruim estraga o trabalho de uma equipe boa, uma boa atuação salva o trabalho de uma equipe ruim”, comenta a cineasta. Por isso a importância de uma equipe onde cada um entenda o que está fazendo, gerando uma boa fotografia, uma boa captação de som e uma boa edição. O último passo de uma produção cinematográfica está na edição e a diretora destaca a relevância da finalização do produto como forma de concretizar a história, mas não de salvá-la. “De nada adianta todo o trabalho se o filme for mal editado ou tiver um péssimo som. 

A edição é o final da roteirização, é quando a história realmente mostra sua força. Nessa etapa, um filme pode ficar medíocre ou pode ser completamente revisto e refeito. Mas uma coisa é importante dizer: a finalização não dá jeito em roteiro ruim, nem em fotografia ruim, nem em som mal captado. Também não melhora péssimas atuações e nem corrige problemas de edição. Para Paulo Munhoz, a necessidade que um cineasta tem em contar uma história a alguém através de imagem e som é o princípio básico para se produzir um curta. “A primeira questão é você ter o elemento que você quer passar, adequado a linguagem audiovisual. Tem coisas que são melhores contadas verbalmente, tem coisas que são melhores contadas num texto, então as vezes uma poesia escrita é melhor do que a transposição dela pro cinema.”. 

 RUMO, DESTINAÇÃO 

O cineasta Munhoz foi questionado pela equipe da Agência de Cinema Maktub sobre como o destino influencia em sua vida, e de maneira cortês e divertida, nos respondeu que é ele quem influencia no destino, mas argumenta o porquê “Algumas pessoas acreditam no destino e outras no livre-arbítrio. Eu como filósofo Paulo Munhoz acho que, na verdade, a estrutura é uma rede multinacional e que você tem as duas coisas, destino e livre arbítrio. Ou seja, você nasce com uma capacidade para chegar a algum lugar, mas são suas opções e condições de vida que vão te levando por outros caminhos. Então, você nasce com uma estrela, agora fazê-la brilha na condição que ela tem pra isso é o livre-arbítrio.”. A Agência Maktub tem como norte e principal objetivo falar e produzir trabalhos sobre o destino e o acaso que premedita a vida das pessoas. 

Para ele, temas profundos no cinema são pedras brutas riquíssimas e que a vertente “destino” é uma delas. “É um tema importante que está dentro daquela linha de questões irresolvíveis, que ao longo dos anos essa questão do que é destino e o que é livre arbítrio nunca vai se esgotar. Então vocês estão lidando com uma pedra bruta riquíssima, e o processo de produção do curta é a lapidação desta pedra.  
Coincidência ou tinha que acontecer?
O destino está em cartaz.  
Para Juliana Sanson, o destino está presente em muitas obras de ficção, mas cabe à toda a equipe cinematográfica reinventá-lo a cada produção, “esse tema é sempre um tema a ser explorado. Tudo depende da capacidade de lançar um olhar novo e fresco para algo que vai ficando desbotado pelo uso.”. A cineasta comenta que o uso deste assunto é muito comum em filmes, principalmente de uma história estruturada da jornada de um herói, quando algo muda o rumo da vida do protagonista e ele busca resgatar o equilíbrio mudando algo negativo para algo positivo e assim transformando seu destino. Juliana fala sobre ‘Amor Fati’, criação que roteirizou, como exemplo para exemplificar a importância do destino em seus trabalhos “Amor Fati significa "Amor ao destino" e a história falava sobre um cara que se sentia tão bem, tão feliz e tão realizado que queria poder escolher a hora da sua morte. Ele queria decidir seu destino e isso incluía se despedir dos amigos, arrumar suas coisas, cuidar de seu próprio funeral e escolher a maneira de morrer.”, diz. Por fim, a sina, a sorte e o futuro, depende da sina, da sorte, e do futuro de cada um. Seja ele pré determinado ou simplesmente deixado ao acaso. 


Texto: Giulie Carvalho e Lana Gillies 
Edição: Beatriz Lima, Camila Costa e Letícia Joly 
Fotos: Arquivo

terça-feira, 14 de abril de 2015

Eloi Pires Ferreira: um caminho dentro do neorrealismo brasileiro



Após a segunda guerra mundial uma nova percepção cinematografia nasceu na Itália, o Neo-realismo. Com o objetivo de retratar a realidade, foi a primeira vanguarda a se preocupar com causas sociais e o cotidiano das pessoas. Durante e após a guerra, a sociedade consequentemente mudou sua visão de mundo e o cinema acompanhou esta transformação. A técnica neorrealista caracteriza-se por gravações fora do estúdio, interpretação de papéis por autores não profissionais, iluminação ambiente, atenção aos problemas sociais e proximidade de histórias de pessoas comuns. Com esta forte representação da realidade, sem o uso de um embelezamento estético ou romântico, ele se aproxima mais do documentário jornalístico.

O filme “Ladrões de Bicicleta”, produzido em 1948 pelo italiano Vittorio De Sica é um dos filmes mais consagrados desse movimento. O filme retrata a história de Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani), um homem humilde que luta para sustentar sua família. Após ter seu único meio de locomoção roubado, uma bicicleta, Antonio e seu filho saem pela cidade à procura do objeto furtado.
No Brasil esta vanguarda eclodiu em 1953 com o Alex Viany, com o filme “Agulha no Palheiro”, e sobretudo, com Nelson Pereira dos Santos com “Rio 40 Graus” (1955) e “Rio Zona Norte” (1957).
No cenário local, somos bem representados. O jornalista e diretor-roteirista Eloi Pires Ferreira trouxe para Curitiba o prêmio Margarida de Prata, pelo longa-metragem “Sal da Terra” produzido em 2008. O filme conta a história de um padre caminhoneiro que por meio da estrada descobre personagens marcantes e a diversidade humana. Pelos quilômetros rodados o padre pretende ajudar cada personagem que passa pelo seu caminho tendo como ponto final de sua viajem a celebração da Santa Missa.

Em entrevista, Eloi Pires Ferreira nos conta como descobriu sua paixão por cinema, um pouco mais sobre a produção de seus longas e também sobre o futuro do cenário local curitibano.

Como você descobriu sua paixão pelo cinema?

Indo ao cinema. E muito cedo. O primeiro filme que vi (no colo dos meus pais) eu tinha menos de dois anos. Foi no antigo Cine Guarani, no Portão, era um filme alemão que eu não lembro mais o nome e segundo minha mãe eu fiquei muito entusiasmado principalmente com os trailers e curtas que passavam antes do filme. De lá pra cá eu nunca mais parei de ver filmes.
Quando decidiu focar suas obras na vanguarda neo-realista?
Eu não decidi assim calculadamente e nem sei se é bem isso. Os filmes que eu fiz têm influência neo-realista, sem dúvida, mas também outras. Acho que o primeiro filme neo-realista que eu vi foi "Ladrões de Bicicleta", do Vittorio De Sica, pelo qual me apaixonei no ato. No "Curitiba Zero Grau", os personagens pai e filho catadores de papel remetem diretamente ao pai e ao filho do "Ladrões". Mas também aquela relação pai e filho lembra a relação pai e filhos de "Vidas Secas" do Nelson Pereira dos Santos (outro dos meus filmes preferidos de todos os tempos) e a minha própria relação com meu pai quando eu era criança. Mas minha preferência é antes de tudo por personagens. De resto as coisas vão acontecendo.

Fale um pouco da experiência e as dificuldades de fazer o longa Sal da Terra, filme que ganhou o prêmio Margarida de Prata. Qual a importância desse prêmio para sua carreira e para o longa?

Fazer o "O Sal da Terra" foi antes de tudo uma grande aventura. É um filme estradeiro, portanto, de produção muito complicada. Eu sempre digo que filmar na estrada é insalubre, tinha que ter "adicional de periculosidade". Foram nove semanas de filmagens entre 2003 e 2004. Aí o dinheiro acabou e só conseguimos terminar e lançar o filme em 2008. Foi um projeto que exigiu muita garra de todos os envolvidos na produção, sendo que a maior dedicação veio da parte do meu principal sócio no projeto e também um dos roteiristas, o J.Olimpio (já falecido), que se mostrou um valoroso guerreiro. O filme trata de temas que me são caros e fala da condição humana pelo viés da espiritualidade. Teve uma trajetória interessante e além do Margarida recebeu também o prêmio de melhor longa de ficção no "European Spiritual Film Festival", realizado em Paris, em 2010. Sim, ganhar algum prêmio é sempre muito bom, massageia um pouco o ego e é uma forma de reconhecimento, fazendo você acreditar que toda aquela trabalheira e seu resultado, enfim, tudo aquilo não foi algo completamente inútil. E no caso do Margarida de Prata, ele é um prêmio antigo e reconhecido no meio cinematográfico brasileiro e a gente tá muito bem acompanhado, já que vários filmes importantes da nossa cinematografia foram agraciados com ele ("Central do Brasil", entre outros). Mas tirante o Oscar e, num segundo lugar bem distante, a Palma de Ouro, o público em geral, que é quem pretendemos atingir com os filmes, não tá nem aí, não tem a menor ideia do que sejam os outros prêmios.

Como surgiu a ideia para o filme Curitiba Zero Grau? Muitos aspectos neo-realistas estão presentes no filme, você poderia me falar sobre as técnicas de produção e as dificuldades?

São várias ideias que foram se somando. Mas, basicamente, tudo vem da observação do cotidiano, da vida do cidadão comum, das pessoas que nos cercam, do que aparece no noticiário e das minhas próprias vivências e das pessoas próximas a mim. Isso também se aplica aos outros dois roteiristas, o Altenir Silva e o Erico Beduschi. Como mencionei acima, o filme tem propositalmente elementos que remetem ao neo-realismo, guardadas as diferenças de tempo, meios de realização e opções estéticas. Quanto às dificuldades, eu havia dito que filmar na estrada é insalubre, mas filmar nas ruas de uma grande cidade não é diferente. O "Zero" também levou em torno de 8 a 9 semanas de filmagens, com muitas locações, sendo a maioria externas, muitos atores e figurantes, além de uma equipe bastante grande (para os nossos padrões fora do eixo), equipamento pesado (rodamos em película), variações climáticas etc. Então dá pra imaginar o grau, não é?! Sugiro que vocês assistam ao making of que está nos extras do DVD.

Quais são seus projetos futuros?

Mais de uma dezena, sendo 3 longas de ficção, 3 documentários e vários seriados pra TV. Tudo em projeto, por enquanto. Alguns em fase de captação de recursos, outros aguardando resultado de editais e todos com roteiros prontos.
Como você vê o momento atual do cinema brasileiro? E o cenário local curitibano?

O audiovisual brasileiro está num momento superinteressante, com muitos mecanismos de financiamento de produção amadurecendo, muitas oportunidades de negócio, a profissionalização avançando, mas com alguns velhos gargalos. As estruturas de distribuição e exibição nas mãos das majors norte americanas e a concentração dos recursos ainda no eixo Rio- São Paulo, e tendo o Rio praticamente como único cenário (o que eu tenho chamado de riocentrismo), apesar de o nosso Brasil ser tão diverso. Mesmo assim, dá pra dizer que a regionalização está em processo, com alguns avanços bem evidentes. Saindo do eixo, Curitiba está numa posição bacana, mas podia ser melhor, principalmente se os curitibanos gostassem um pouco mais do que se faz aqui, como acontece com Porto Alegre, Recife, Fortaleza...

sexta-feira, 10 de abril de 2015

VAMOS A JÚPITER?




A HISTÓRIA

Apesar de seus 47 anos, 2001: Uma Odisséia no Espaço é um filme que ainda merece muita notabilidade. Foi uma produção que marcou a indústria cinematográfica através de seus aspectos visuais, artísticos, filosóficos e publicitários. Escrito, dirigido e produzido por Stanley Kubrick durante cinco anos, a história retrata com o máximo de fidelidade possível a ida do Homem à Lua. A ficção científica foi baseada nas obras The Sentinel e 2001: A Space Odyssey, de Arthur Clarke. Kubrick e Clarke trabalharam em parceria, compartilhando informações e opiniões para as filmagens de 2001: Uma Odisséia no Espaço e para o livro 2001: A Space Odyssey. Apesar das divergências em gostos, a obra de Clark é um marco e tem importância garantida no meio da história do cinema mundial.

O FILME

Kubrick inicia o filme com uma câmera parada mostrando a savana africana, remetendo à história antiga da humanidade. O próximo ato nos apresenta a hominídeos que convivem pacificamente com a natureza, mas são brutalmente atacados por outra tribo que procuram fontes de água, e que acabam por fracassar na missão. São os ‘homens’ que sofreram o ataque que tem uma surpresa ao amanhecer. Quando uma enorme pedra é encontrada e causa estranhamento aos habitantes do local. Quando já acostumados ao objeto não identificado, estes começam a se tornar realmente homens, podendo formular ideias e as colocá-las em prática, concretizando acabar com a fome na tribo e utilizar ferramentas pela primeira vez.

O terceiro ato do filme é a missão Júpiter, quando é preciso investigar uma mensagem de rádio enviada ao planeta gigante, na Lua. É quando Dave Bowman (Keir Dullea) e Frank Poole (Gary Lockwood) são apresentados ao enredo, dois pilotos de uma gigantesca aeronave em formato de espermatozoide. É também neste momento em que HAL 9000, inteligência artificial, começa a participar da história.

Com o desenrolar do filme, várias atribuições do que é, e de quem é humano vão se modificando, a chamada viagem lisérgica. É nesta parte final que Kubrick brinca com a imaginação de quem assiste o filme, deixando assim, esses criarem várias hipóteses para o que acontece com o homem e o planeta.

EFEITOS ESPECIAIS

O filme de ficção científica 2001: Uma Odisséia no Espaço recebeu 4 Oscars, um deles por seus efeitos visuais. Kubrick, em busca dos melhores efeitos ópticos, foi ao extremo ao produzir exposições no negativo original, alguns destes negativos levavam mais de um ano na geladeira para ser exposto novamente.

Através dos efeitos visuais pioneiros, das imagens ambíguas que se aproximavam do surrealismo, do som no lugar de técnicas narrativas tradicionais e do uso mínimo de diálogo, as temáticas sobre a evolução humana, a vida extraterrestre e a inteligência artificial foram realisticamente abordadas.

Em 1991 foi considerado "culturamente, historicamente ou esteticamente significante" pela Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos para ser preservado no National Film Registry. Os efeitos audiovisuais, apesar de terem se passado quatro décadas desde a estreia do filme, ainda surpreendem muitos espectadores e principalmente críticos, que encontram na obra audácia e originalidade para os parâmetros da época.

EFEITOS SONOROS

A música clássica é a que dá o ritmo ao filme. Kubrick associou o movimento dos satélites e os dançarinos de valsas com a composição "Danúbio Azul", de Johann Strauss II e o poema sinfônico "Also sprach Zarathustra", de Richard Strauss. Conta com uma trilha sonora de músicas clássicas de valsa e balé e possui quatro atos, com o desenrolar lento da história.

CURIOSIDADES

O filme aborda ainda temas interessantes como o confronto homem versus máquina, e possui efeitos especiais impressionantes para a época em que foi feito. A produção tem poucas falas, deixando as imagens falarem por si só. O diretor aproveitou a linguagem corporal chamando atenção para expressões, movimentos e até a respiração dos personagens. O filme tem finak enigmático, contando com inúmeras possibilidades de interpretação e deixando um grande ponto de interrogação na cabeça de quem assistiu.

Além disso, o filme Star Wars inspirou-se em elementos do 2001: Uma Odisséia no Espaço, tendo em sua produção também a plataforma de chegada da Estrela da Morte, as naves sujas, a cápsula de fuga dos androides, a respiração amplificada de Darth Vader e a abertura com o cruzador imperial enchendo a tela.

A música "Dánubio Azul", que embala as cenas das estações espacial e orbital - esta última que carrega ogivas nucleares - ironicamente tem o nome da primeira bomba atômica inglesa.

A banda Pink Floyd recusou o convite do diretor para compor a trilha sonora. Três anos depois surge o álbum "Meddle" e sua música "Echoes", que se ajusta impressionamente às cenas do capítulo "Jupiter e Além". Na sua biografia "Saucerful of Secrets: A Pink Floyd Odyssey", Roger Waters cita que seu maior arrependimento foi não ter feito a sonora de 2001: Uma Odisséia no Espaço.






Confira o trailer desse fenômeno:


terça-feira, 7 de abril de 2015

HORA DA PIPOCA!



Tem dias que o que mais queremos é relaxar e assistir um bom filme. A agência Maktub indica 3 filmes com o tema destino para você aproveitar seu momento de lazer e despertar algumas indagações como “será que destino existe mesmo?”. Faça aquela pipoquinha yoki, tire o guaraná antarctica da geladeira, sente no sofá e aproveite!


Confira nossas dicas:

1 – EFEITO BORBOLETA


Evan (Ashton Kutcher) tenta esquecer sua infância conturbada em uma sessão de regressão ao seu passado. O jovem tem o poder de voltar fisicamente a seu corpo de criança e ao tentar mudar suas escolhas no passado ele altera completamente seu futuro.

2 – DONNIE DARKO


Donnie (Jake Gyllenhaal) é um jovem com problemas psiquiátricos que despreza seus colegas de classe e tem como amigo um coelho imaginário que prevê o futuro.

3 – QUESTÃO DE TEMPO


Tim (Domhnall Gleeson) ao completar 21 anos de idade, é presenteado com uma notícia dada pelo seu pai (Bill Nighy). A notícia é que todos os homens da família de Tim podem viajar para o passado. Então Tim decide usar seu talento para conquistar o amor, contudo o jovem percebe que cada escolha provoca uma consequência inesperada no futuro.

BOM FILME!

domingo, 15 de março de 2015

MAKTUB



    A expressão característica do fatalismo muçulmano.
MAKTUB siginifica: estava escrito, ou melhor, tinha que acontecer.

   Essa expressiva palavra dita nos momentos de dor ou angústia, mas sim, a reafirmação do espírito plenamente resignado diante dos desígnios da VIDA.






 Se você pudesse saber as consequências futuras de seus atos, você mudaria seus passos?
O livre arbitro para nossas escolhas não nos garante a fuga do destino. Há coisas que devem acontecer, coisas que não podemos fugir.